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Burnout: entenda o que é e como evitar

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Atualmente, não importa qual publicação médica você esteja lendo, seja revistas, artigos ou blogs, você provavelmente irá encontrar uma mesma palavra muitas vezes: burnout. Pesquisas apontam que a síndrome de burnout afeta quase metade dos médicos, com taxas ainda maiores para certas especialidades. Mas toda a atenção dada ao tópico não parece estar trazendo resultados para que o número de casos diminua.

"Uma das definições mais proeminentes descreve o burnout 'como uma síndrome de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal que pode ocorrer entre indivíduos que trabalham com pessoas de alguma forma."
- Maslach, Jackson & Leiter, 1996

São diversos os fatores que podem levar ao burnout, como desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, excesso de horas trabalhadas, insatisfação com a rotina de atividades e a burocracia cada vez maior, que tira o foco do atendimento ao paciente e exige do médico lidar com papeladas, repasses, registro de dados, etc.

Burnout: entenda o que é e como evitar

Se você se sente sempre cansado, percebe que tem agido de maneira impulsiva e mais agressiva com as pessoas, sente como se estivesse preso, sem perspectivas de mudar sua vida, pensa no seu trabalho o tempo todo e acha que não tem desempenhado suas funções tão bem quanto poderia, podem ser sinais de que você esteja experimentando burnout.

A boa notícia é que existem estratégias que podem ser adotadas para reduzir significativamente a incidência e os efeitos negativos do burnout. Fatores que são críticos para combater a síndrome são controle sobre sua agenda e horários de trabalho, o número de horas trabalhadas e resiliência emocional. Dependendo do seu modelo de trabalho, se for em um hospital, por exemplo, ou se atende em mais de um local, pode ser mais difícil controlar os dois primeiros fatores, mas não impossível. Basta abordar de forma consciente e deliberada sua gestão de tempo e de prioridades. Muitos médicos acabam por perceber que gastam uma quantidade significativa de tempo em atividades que não agregam valor suficiente.

Siga estes 5 passos para melhorar o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional:

1. Identifique de 5 a 8 aspectos mais importantes de sua vida (o que você mais dá valor).

2. Agora determine quanto tempo você dedica a estas áreas (e quanto tempo é gasto com áreas que não estão na sua lista).

3. Se há uma disparidade entre o que você valoriza e como você gasta seu tempo, é um sinal de que precisa fazer algumas mudanças em sua vida.

4. Planeje seu tempo de modo a focar naquilo que é mais importante para você.

5. Determine quais atividades podem ser delegadas a outras pessoas.

Prevenir o burnout também envolve desenvolver resiliência emocional – habilidade para gerenciar situações estressantes com eficiência e prevenir que o estresse se acumule. Pesquisas interessantes no campo da neurociência exploram a relação entre estresse, sono e positividade. Estes três fatores são interdependentes – mude um, e os outros dois são impactados.

Por exemplo, quanto mais estressado você está, pior é a qualidade do seu sono e seu humor. Se você não dorme bem, irá experimentar mais estresse e mau humor. De modo geral, pode ser mais difícil conseguir mudanças fáceis nos dois primeiros fatores, mas é bem mais simples de controlar o último, a positividade. Se você começa a pensar de modo positivo, pode sentir uma melhora significativa no seu sono e boa redução do estresse.

Siga estes passos simples de treinamento do cérebro para aumentar sua positividade:

1. Pratique conversas positivas com você mesmo, cultivando auto-encorajamento, otimismo, reconhecendo realizações e apreciando a boa sorte.

2. Desafie seu pensamento negativo (tipicamente distorcido), sendo os mais comuns:

  • Pensamento catastrófico: faça uma análise mais realista da situação. Normalmente, as coisas não são tão ruins quanto pensamos. E muitas vezes nosso maior aprendizado vem das adversidades.
  • Pensamento preto-e-branco: evite os pensamentos de "tudo ou nada". Normalmente existe uma área cinza na qual se pode trabalhar. Raramente as coisas são absolutas.
  • Pulando em conclusões: evite tirar conclusões precipitadamente, como achar que você sabe o que os outros estão pensando. Aprenda a ser curioso, fazer perguntas e buscar explicações alternativas.
  • Generalizar demais: busque uma avaliação mais precisa da situação. Quando observamos as situações com mais atenção, muitas vezes descobrimos que consequências negativas ou estressantes são limitadas àquele evento específico, e não generalizável em todos os casos.
  • Críticas excessivas: sempre que você se ouvir pensar "deveria", substitua por "seria bom". Isto lhe permite evitar uma auto-crítica excessiva ou a crença de que só há uma solução.

Mudanças de pensamentos levam a mudanças de comportamentos, o que leva a mudanças nos resultados. Assim, o método mais fácil e mais eficiente para mudar resultados que você obtém é se engajar em padrões de pensamento positivo e construtivo. Quando você transforma seu modo de pensar, na verdade você cria uma alteração nas conexões neurais em seu cérebro. Esta alteração, por sua vez, leva ao desenvolvimento de novos hábitos, garantindo que as mudanças que você cria são duráveis.

 

FONTE: Physicians Practice, publicação online de 10 de junho de 2015.

 

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